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10.4.08

Dividir para multiplicar

Quando Gatoca ainda nem existia e Mercvrivs demorava um mês para comer o pacotinho mínimo de ração da Royal Canin, eu costumava fazer as compras no pet shop do Sonda, como qualquer mortal. Ajoelhava em frente à prateleira colorida e ficava horas pensando num sabor inédito, para variar.

Até o dia em que fui fisgada: de dentro da gaiola, uma gata pintadinha conseguira enroscar as garras na minha blusa de lã e desfilava de um lado a outro, esfregando o rosto contra as grades para me conquistar. Seu miado enchia a loja de tristeza.

Soube que ela e os filhotes haviam sido abandonados em sacos de lixo separados, sem o menor sinal de compaixão. O encanto dos pequenos logo atraiu candidatos à adoção. Mas a mamãe sobrou. Tão jovem (um ano no máximo), já considerada velha. Sem dinheiro nem tempo para cuidar de outro bichinho, trouxe-a para casa.

O encontro dos bigodes saiu de improviso: primeiro, deixamos que se cheirassem pelo vão da porta da sala. Depois, passamos para a etapa visual, na janela. Mercv, poço de ingenuidade felina, queria tocar a escaldada de qualquer forma. Ela recuava.

No momento em que finalmente se encontraram no jardim, não dava para dizer qual coração batia mais rápido. E bastou os focinhos se encostarem para que a recém-chegada soltasse o clássico fuzzzzzzzzzzz. A noite caiu sem progressos, em meio a tentativas frustradas de aproximação e rosnadas gratuitas.

Com a gente, o tratamento era diferente. Doce e meigo. Mas o choro pela perda da ninhada não cessava e a nova hóspede recusava-se terminantemente a comer.

*continua*

14 comentários:

Anônimo disse...

Conta mais, conta mais!! Esse pedacinho da história me emocionou demais. Além desse jeito delicioso que vc escreve que deixa a gente pedindo bis.

Anônimo disse...

Ôôôôba - seriado felino!!!!!

Anônimo disse...

Beatriz, não faz isso com a gente!!!! Cadê o 'próximo capítulo"??? Kalu

Nessita! disse...

ai, que dor no coração! tadinha da gatinha... enchi os olhos de lágrimas.

quero mais história! :)

Patricia disse...

Nossa, é incrível como os felinos que a gente adota sempre tem uma história triste em suas vidinhas... Ainda bem que você teve compaixão e a adotou!
Agora conta o resto, vai... *curiosa!*

Anônimo disse...

Nem me fala em fuzz. Não sei se você chegou a ver a resgatinha da festa do AUG; está em casa. Ontem tentei começar a aproximação. A Satiko, rosnou, uivou, fuzzou, o Toshiro foi para a sala e vomitou. Só o Lelinho, que viveu sempre em abrigos, está adorando a nova companhia já que os outros não dão a mínima para ele.

Amanda Herrera Massucatto disse...

=´-]

Anônimo disse...

Mais uma pro coro:
conta mais, conta mais!!!
Bj,
Juliana.

Anônimo disse...

Me uni ao coro:
CONTA MAIS! CONTA MAIS!!!!
Ótimo finde para todos!
Celina.

Anônimo disse...

Acho que vc devia ter uma coluna sobre gatos na Época, Veja, Folha de São Paulo, ...
Todo dia eu entro no Gatoca, adoro seus "causos"!!!!!

Anônimo disse...

Achei linda a foto de Mercvrivs...parecida com o meu "bisnetinho"- o Leozinho.Mais maravilhosa ainda são suas instruções para cuidar destas criaturinhas que aparecem de repente mudando a nossa rotina. Entrei no Gogle procurando saber como cuidar do meu Leozinho: um gatinho vira lata, perdido, que minha netinha de cinco anos trouxe para morar comigo, com a alegação de que "ninguém', ou seja pai e mãe, não deixariam que ela levasse para casa...já que ela conseguiu levar 2cachorros,peixes, passarinho...etc.
Como fiquei horas lendo suas narrações e já fiquei fã, não tive tempo de achar o que procurava;logo terei motivos suficientes para continuar lendo próximos capítulos e trocar ideias de como cuidar do Leozinho.
Ah!!!...também concordo que você deveria escrever, um livro... uma coluna na Época...Veja, ou outro meio de comunicação alem do seu Blog.:))
Beijos,
Beth

Anônimo disse...

obrigada, beth! :)

você ainda precisa de dicas para cuidar do leozinho? me manda um e-mail: bialevischi@yahoo.com.br.

e dê um beijo bem barulhento na ponta do nariz dessa sua netinha fofa! :)

Anônimo disse...

E como preciso Bia!!!!
Ele agora resolveu destruir meus sofas!!!Já mandei cortar as unhas dele na veterinária que minha nora (a avó dele)indicou,mas o levadinho ainda arranha tudo, fura tudo...e ele alem disso só sabe brincar mordendo,arranhando, etc.
A mãe dele quando chega aqui deixa de castigo na área de serviço...,passa muitos sermões nele...rsrsrs; mas o malandrinho está difícil de aprender. O que devo fazer? Já dei até sobrenome pra ele "Leozinho Agressivo Lopes". - o Lopes é por conta da mãe dele! Me passa umas dicas ,por favor.
Agora vou me divertir lendo mais uns capítulos de sua "novela-Mercvrivs":)Beijos,
Beth
Obs:1 - se eu for dar mais beijinhos na minha princesinha ela vai acabar derretendo.
2 - como faço para enviar para você a foto deles?Tem umas que estão particularmente bem caracterizadas,pois ela se apresentou no balé de gatinha e se acha o máximo,porque para ela representa A mãe e seu filhote.
Ah.... desconsidera a observação 2, pois, relendo sua resposta vi que vc me enviou seu email.:)

wcris disse...

A foto dos focinhos encostados está o máximo! Registra que antes do fuzuê houve esse momento mágico. :)))